Muitos dos elementos básicos do automóvel não mudaram durante décadas. As promessas de veículos voadores propulsados por levitação magnética que tantas vezes vimos no cinema de ficção científica ainda não se materializaram, e estão longe disso. A realidade, muito mais obstinada, mostra-nos o automóvel como uma máquina complexa que, desde o seu início, tem vindo a sofrer uma transformação linear e bastante conservadora, em parte porque não é fácil melhorar o original. Esta afirmação é válida para a grande maioria de elementos comuns do automóvel moderno, como por exemplo os pneus.
Não temos dúvidas de que os pneus atuais são mais silenciosos, ecológicos e proporcionam uma melhor aderência do que os de há uns anos atrás. Mas a verdade é que, desde a invenção do pneu radial por volta de 1946, não parece que as coisas vão mudar. Ou sim? Neste novo post vamos ver detalhes sobre 4 conceitos que propõem a reinvenção do pneu tal como o conhecemos.
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1. Pneu Michelin Uptis
Uptis é o conceito de pneu antifuros sem ar da Michelin. O primeiro da lista pode ser o menos espetacular, mas não deixa de ser o mais real. Espera-se que comece a circular em 2024, trazendo consigo várias vantagens. De acordo com a Michelin, todos os anos são eliminados mais de 200 milhões de pneus por causa de furos, que são também a causa de vários acidentes. Além disso, o Michelin Uptis utiliza menos matérias-primas, o que faz com que o saldo relativo ao meio ambiente seja bastante positivo. Atualmente, o pneu encontra-se em fase de testes e o fabricante General Motors está a colaborar com a Michelin para ser o primeiro a oferecê-lo. Podemos vê-lo em ação aqui:
2. Pneu Goodyear Oxigene
Apresentado no salão de Genebra de 2018, estamos perante uma proposta que olha bem de frente para a sustentabilidade. O nome deste pneu, Oxigene, chama a atenção pela sua cor verde, que não é mais do que o musgo que cresce no seu interior (sim, leram bem). De acordo com os seus criadores, o seu coração vegetal não tem interferência no comportamento do pneu e representa uma vantagem ambiental no meio urbano: o musgo, que absorve a humidade do pavimento, é uma fonte de oxigênio e ar puro para as atmosferas urbanas contaminadas.
Os cálculos que acompanham este novo conceito não mentem: numa cidade como Paris, a utilização maciça deste pneu geraria praticamente 3000 toneladas de oxigênio por ano e absorveria 4000 toneladas de dióxido de carbono.
Com uma estrutura ultraleve antifuros, o Oxigene pode utilizar a energia gerada pela fotossíntese do musgo para alimentar os seus sensores eletrónicos, que incluem uma linha de luz que muda de cor para avisar de viragens ou travagens.
3. Pneu Hankook Hexonic
As mentes dos estudantes escondem ideias brilhantes. Isso foi o que pensou o fabricante de pneus coreano quando colocou o desenho de novos conceitos de pneus nas mãos dos estudantes do prestigioso London Royal College of Art. O resultado foi o lançamento de propostas interessantes, entre as quais damos destaque ao Hexonic. Trata-se de um pneu inteligente concebido para veículos de condução autónoma como o Schaeffler E-Mover.
O objetivo é oferecer aos passageiros o máximo de conforto possível. Para isso está equipado com sete sensores que leem e analisam o pavimento em tempo real, recolhendo dados como a aderência, a temperatura ou o estado da superfície. De acordo com os dados obtidos, o Hexonic adapta o seu desenho para melhorar o seu rendimento. Embora se trate de um conceito que ainda não foi desenvolvido, o seu desenho foi premiado na última edição dos prestigiosos prémios Idea.
Em conjunto com o Hexonic, o Hankook apresentou outro conceito graças à sua colaboração com a instituição londrina: o Aeroflow, um pneu de competição de largura variável que possui turbinas para gerar um extra em aderência
4. Pneus ContiSene e ContiAdap
O fabricante alemão Continental também fez os deveres ao olhar para o futuro com diferentes conceitos de pneus. Neste post, gostaríamos de destacar o ConteSense e ContiAdapt, umas tecnologias que, combinadas, antecipam o que podemos esperar dos pneus dentro de alguns anos.
O ContiSense tem como base o desenvolvimento de compostos de borracha condutores de eletricidade que permitem enviar sinais elétricos a partir de um sensor no pneu para um recetor no automóvel. Os sensores monitorizam continuamente a profundidade e a temperatura da faixa de rodagem e alertam o condutor que houver algo que não está bem. Se forem desenvolvidos de forma conveniente, estes sensores poderão, no futuro, informar sobre a superfície da estrada, a sua temperatura ou a presença de neve. A tecnologia ContiAdapt está um passo mais à frente, uma vez que permite, através do ajuste da pressão do pneu, modificar o tamanho da superfície de contacto para otimizar a condução de acordo com as necessidades em cada momento.